Foto: Polícia Civil/Divulgação
A Polícia Civil deflagrou, neste domingo (16), a operação Cartão Vermelho, que investiga um suposto esquema de manipulação de resultados envolvendo dirigentes, membros da comissão técnica e atletas do Esporte Clube São Gabriel. A ofensiva, deflagrada às 17h, é coordenada pela Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro de Organizações Criminosas (DRLD-OC/DRACO/DEIC), sob comando do delegado Max Otto Ritter, e contou com apoio da 9ª Delegacia Regional, da Delegacia de Polícia de São Gabriel e do Gabinete de Inteligência e Assuntos Estratégicos da Polícia Civil.
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A ação mobilizou 17 agentes, dois delegados e oito viaturas. Ao todo, foram cumpridos quatro mandados de busca e apreensão no Estádio Municipal Sílvio de Faria Corrêa, em vestiários e setores internos, e nas residências de dirigentes, atletas e integrantes da comissão técnica. Outras três medidas cautelares diversas de prisão foram executadas para interromper eventuais manipulações em andamento e evitar novas ações criminosas.
A investigação tem como alvo crimes de fraude em competição esportiva, falsidade ideológica, falsa identidade e associação criminosa. O ponto de partida foi o jogo Inter sub-20 x São Gabriel, pela Copa FGF, em 29 de outubro. Uma denúncia prévia indicava que o segundo tempo teria ao menos cinco gols, o que se confirmou na goleada de 7 a 0, após um primeiro tempo equilibrado. Não há indícios de envolvimento do Inter.
Além disso, chamou atenção da Polícia Civil a partida contra o Juventude, também pela Copa FGF, em 1º de outubro. Na ocasião, o São Gabriel teria escalado três atletas inativos no BID da CBF, usando a identidade de outros três jogadores ativos, o que configura fraude esportiva e crimes contra a fé pública. Na ocasião, o clube foi punido com perda de pontos e multa. Há suspeitas também sobre partidas da própria Terceirona e de outros duelos da Copa FGF.
Segundo o delegado Max Otto Ritter, as investigações partiram de denúncias feitas à inteligência da Polícia Civil e de uma notícia-crime da Federação Gaúcha de Futebol, que tem colaborado com o trabalho. Alguns dos investigados já eram monitorados por órgãos de integridade esportiva, como Sportradar e a Unidade de Integridade do Futebol Brasileiro da CBF, por suspeitas semelhantes em Estados como Sergipe, Paraíba, Acre, Roraima, Rio de Janeiro e Paraná.
A Polícia Civil avalia que há probabilidade de uso do São Gabriel como instrumento para fraudes desportivas, configurando possível associação criminosa voltada à manipulação de resultados oficiais da FGF. Para a instituição, o caso expõe vulnerabilidades do sistema esportivo e representa risco à credibilidade das competições, com impacto direto para clubes, atletas, torcedores e para a economia formal.
Nas buscas deste domingo foram apreendidos documentos, celulares e computadores. O material será analisado e os investigados serão interrogados nos próximos dias. O objetivo é aprofundar a apuração da materialidade e da autoria dos crimes.
O clube encerrou sua participação na Terceirona neste domingo (16), ao perder em casa para o São Paulo de Rio Grande, por 5 a 0.
Até o momento o clube não se pronunciou sobre a operação.